O mogno tornou-se popular
para violões pela sua beleza e por ser bem mais barato que outras espécies como
jacarandá. O mogno é uma madeira de alta densidade, com muito sustain, média
estabilidade, timbre grave e encorpado, grande resistência mecânica; muito
utilizada na fabricação de corpo e braço de guitarra e baixos, e fundo e
laterais de violões.
Um exemplo do uso do mogno
por ser mais barato é o violão Martin D-18 que usa mogno nas laterais e nos
fundos enquanto o top de linha Martin D-28 possui traseira e laterais em
Jacarandá que é uma madeira cara e protegida por diversas leis de extração. O
Mogno, quando usado em violões, possui uma característica de som estridente,
não brilhante. Quando usado em instrumentos elétricos, a característica
predominante é um som morno, repleto de frequências graves e médias.
Em guitarras elétricas o Mogno se tornou famoso
por ser a madeira utilizada nas Gibson Les Paul e em vários modelos da Gibson
como a SG.
Gibson Les Paul sendo
fabricada com corpo e braço em Mogno
Na foto vemos o processo de colagem do braço de uma SG e é possível reparar bem na coloração do mogno usado na construção do corpo da guitarra.
Este uso
principalmente pela Gibson fez o mogno se tornar um padrão no mercado de
guitarras e hoje é muito difícil levar a sério um modelo Les Paul que não seja
construído em mogno e diversas empresas passaram a utilizar esta madeira ao
longo dos tempos. Nas fotos abaixo vemos alguns exemplos:
Guitarra Cort M 600
com corpo em mogno (é possível ver a figuração da madeira através da pintura)
Violão Ibanez EP-9
Euphoria Steve Vai signature com fundos e laterais em mogno
Guitarra PRS SE
Santana com corpo em mogno
Um detalhe
interessante sobre o Mogno é que por ter sido muito utilizado não só na
construção de guitarras como também na construção de móveis a cor escura desta
madeira passou a ser bastante conhecida e se tornou até um padrão comercial em
termos de cor. Mas muita gente não sabe que a “cor de mogno” é na verdade
conseguida artificialmente. Na natureza o mogno tem uma coloração escura, mas
que não é tão escura como a que conhecemos, a madeira adquire a coloração mais
escura depois de receber um selador para proteger a madeira como vocês podem
ver na foto abaixo tirada na fábrica da Gibson, uma Les Paul com selador e sem
selador.
Diferença da cor do
Mogno com selador e sem selador
Vemos a mesma diferença na cavidade do captador da SG
O termo Mogno, que era antes utilizado para
designar árvores do gênero Swietenia, acabou sendo utilizado para
designar a família toda (Meliaceae, a família dos mognos), que contém o gênero Swietenia e
outros 49 gêneros. Apesar de vários representantes da família Meliaceae serem
chamadas de mogno, apenas uma espécie do gênero Khaya é aceita
e comparada ao mogno verdadeiro devido as propriedades de sua madeira.
Portanto,
para mogno utilizado em luthieria temos:
- Swietenia
mahogoni
(Mogno Cubano) – "West Indian mahogany" ou
mogno cubano, ocorre no sul da Flórida, Cuba, Jamaica, entre outros
- Swietenia macrophylla (Mogno
Hondurenho) – "Honduras mahogany" ou mogno
Hondurenho, ocorre na costa leste da América central e América do Sul
- Swietenia humilis (Mogno do Pacífico) –
"Pacific Coast mahogany" ou mogno da costa do Pacífico, ocorre na
costa oeste da América Central e do México
- Swietenia macrophylla (Mogno
Brasileiro) - É encontrado na faixa central e oeste do
território brasileiro (Acre, Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará,
Rondônia, Tocantins).
- Khaya senegalensis (Mogno Africano) – "Senegal mahogany/African
mahogany", o mogno africano/senegalense, ocorre na faixa tropical da
África.
Um detalhe interessante que se pode perceber é que na verdade o
mogno hondurenho do qual se fala tanto em termos de qualidade é na verdade
exatamente a mesma espécie do também aclamado mogno brasileiro, o que
diferencia na verdade é somente o local de origem da madeira e por isso o nome
diferente.
O mogno é uma madeira tão valorizada que é
chamada de “ouro verde” pelo seu alto valor no mercado internacional; o metro
cúbico de mogno serrado vale hoje, em média, entre US$ 1.200 e US$ 1.400 no
mercado internacional, mas custa apenas R$25,00 na floresta, por conta disso a
exploração predatória a possibilidade de extinção é uma preocupação constante
das autoridades.
Árvore
de Mogno na Amazônia
A exploração, o transporte e a comercialização do mogno brasileiro
estão suspensos em todo o País desde outubro de 2001, em decorrência da
Instrução Normativa 17, editada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Face às irregularidades
encontradas nos projetos de mogno e às enormes apreensões de madeira ilegal
realizadas entre outubro e novembro de 2001, durante a Operação Mogno, que teve
a participação do Greenpeace, o Ibama editou a Instrução Normativa 22, em 05 de
dezembro de 2001, mantendo as suspensões determinadas pela IN 17 e criando
condicionantes para a retomada da exploração da espécie.
O Brasil é um dos principais fornecedores de mogno para o mundo e
com essas medidas adotadas pelo governo contra a exploração do mogno diversas
empresas produtoras de instrumentos musicais começaram a buscar madeiras
alternativas ao mogno na construção de guitarras e violões, por isso a grande corrida e a grande valorização do
mogno hondurenho uma vez se trata de mesma espécie, uma outra destas madeiras
alternativas é o Nato que tem características muito próximas ao Mogno e tem
origem asiática.
Exemplos de guitarra
com corpo em Mogno:
Guitarra Gibson Les
Paul 50’s Tribute com corpo em mogno
Guitarra Gibson Les Paul
Traditional 1960 Zebra Coil