Foi
por volta de 1976 que o jovem músico de jazz Gorge Benson que já
estava usando uma Ibanez cópia de uma Gibson L5 nos seus shows foi
abordado pelos executivos da Hoshino a fim de criar o primeiro modelo
signature da marca e que quando ficou pronto cerca de um ano mais
tarde logo se tornou um clássico, a Ibanez GB10 George Benson !
Um
outro modelo signature foi lançado em 1978 que levou os fãs de rock
à loucura a Paul Stanley PS10 signature. Paul Stanley do Kiss já
estava usando o modelo Iceman à um tempo mas ele estava querendo uma
Iceman com a junção do braço no 17º traste ao invés do 16º pois
acreditava que tornaria a guitarra mais confortável para ele, e como
nada que venha do KISS é simples, Paul Stanley queria também uma
guitarra que tivesse um acabamento tipo um espelho quebrado, como se
alguém tivesse acertado o tampo bem no meio dos captadores.
A
Ibanez aceitou o desafio e as duas guitarras foram um grande sucesso.
Esta guitarra espelhada é reverenciada até hoje e existem algumas
oficinas de luthieria que se especializaram em reproduzir o
acabamento de espelhos da PS10. Um outro modelo signature
desenvolvido nos 70 foi o modelo do guitarrista Joe Pass.
No
começo dos anos 80 a Ibanez passou por um período difícil, a
figura do guitar hero estava sumindo e os teclados e sintetizadores
estavam dominando as paradas. Os expoentes da época que restavam
como Eddie Van Halen e as bandas de heavy metal estavam buscando
guitarras exóticas como a Charvel e a Jackson e a desvalorização
do dólar fez com que os instrumentos importados ficassem mais caros.
A
Ibanez respondeu a essa crise relançando modelos exóticos como a
Destroyer, sob o nome de Destroyer II, mas logo iria mudar a
estratégia quando percebeu que os Estados unidos começaram a viver
uma onda de nostalgia pela Stratocaster que foi chamada "StratMania". Num movimento repentino as pessoas começaram a se interessar
novamente pela Strato, buscando os modelos vintage e também
(inspirados por Eddie Van Halen) modificando antigas stratos para
adicionar um captador humbucker
na ponte. A idéia da SuperStrato estava criada.
Ibanez Destroyer II
A
Ibanez lançou o modelo Roadstar II que tinha o seu design similar ao
de uma stratocaster mas contava com um captador humbucker na ponte, o
que conhecemos hoje como HSS, outras variações deste modelo também
foram produzidas como guitarras com 02 humbuckers e outras que
possuíam apenas 01 humbucker na posição da ponte. Outras inovações
e mudanças constantes nas ferragens levaram a Ibanez a desenvolver a
ponte Edge que é um sucesso até hoje.
Os
baixos da série Roadstar II também fizeram sucesso e era cada vez
mais comum ver músicos de diferentes bandas usando um instrumento
Ibanez. Outros instrumentos signature surgiram a partir da série
Roadstar como a guitarra de Steve Lukather da banda Toto e do
guitarrista de jazz-fusion Allan Holdsworth.
A
Ibanez parecia que estava se estabelecendo no mercado porém mesmo
assim o meio dos anos 80 não foram tempos fáceis, muita coisa
estava dando errado, o setor de eletrônicos e efeitos da Ibanez foi
"por água abaixo" e o relativo sucesso das guitarras com
os músicos do heavy metal não estava sendo suficiente para manter a
empresa funcionando bem, o que literalmente "salvava" a
Hoshino Gakki eram as baterias TAMA que estavam crescendo em larga
escala.
Em
1985 a série Roadstar começou a se transformar no que conhecemos
hoje como a RG, a idéia da configuração HSS se solidificou e mais
guitarras passaram a ter esta configuração de captadores, outros
lançamentos como a série Axstar também seguraram as pontas. Em
1987 foi lançada a Sabre que depois ficou conhecida como série S e
que existe até hoje.
No
meio da crise o presidente na época Joe Hoshino tomou uma das
maiores decisões na história da Ibanez: a de mudar o conceito da
marca de uma guitarra de preço para uma guitarra de prestígio, uma
marca de desejo para os músicos. Para isso eles iriam precisar de um
projeto forte, uma pessoa de personalidade que seria uma espécie de
"Mr. Ibanez". O escolhido foi um jovem guitarrista que
estava assombrando o mundo com a sua habilidade e que a Ibanez iria
fazer de tudo para que ele se juntasse ao time. Esse guitarrista era
Steve Vai !
Segundo
o que o próprio Steve Vai conta em diversas entrevistas foi em 1985
que David Lee Roth saiu do Van Halen e montou o seu projeto solo com
uma banda que até hoje é considerada um super grupo. Além de Steve
Vai na guitarra a banda contava com o baixista Billy Sheehan e o
baterista Greg Bissonette. A partir deste momento os olhos do mundo
da música estavam em Steve Vai e os olhos de todos de todos os
fabricantes estavam na guitarra que ele usava.
Billy Sheehan, David Lee Roth, Steve Vai e Greg Bissonette
Várias
empresas mandaram diversas guitarras para que Steve experimentasse
(incluindo a Ibanez) mas ele não estava interessado, Steve estava
procurando uma guitarra para chamar de sua. Depois de uma certa
insistência da indústria guitarrística Steve resolveu desenhar uma
guitarra com diversas especificações que ele vinha buscando nas
suas experiências e mandar para diferentes empresas produzirem
protótipos.
A
Ibanez foi a empresa que foi mais rápida para enviar um protótipo
(apenas 04 semanas) e segundo Steve Vai foi também a empresa que fez
o melhor protótipo. Naquele momento o músico decidiu que seria a
Ibanez a empresa que iria construir a guitarra dos seus sonhos.
A
construção da JEM foi um grande desafio pois era um instrumento que
incluía uma grande quantidade de detalhes de construção não só
que a Ibanez nunca tinha feito antes e que tinham muita chance de dar
errado.
Steve Vai escolheu usar Basswood como a madeira para o corpo o que não era nada comum na época, os fornecedores de madeira até zombaram dizendo que a Ibanez ia construir uma guitarra de brinquedo pois Basswood não era uma madeira para se fazer instrumentos mas Steve Vai sabia o que estava fazendo e foi muito específico quanto ao tipo de Basswood usar uma vez que esta madeira é muito estável e a idéia de Vai era que ele pudesse ir a qualquer loja de guitarra do mundo, pegar uma JEM e a guitarra tivesse a consistência e o som que ele estivesse procurando.
Em 1989 uma outra parceria entre a Ibanez e Steve Vai deu ao mundo a Universe, uma guitarra de 7 cordas que adicionava um corda B (Si) mais grave com captadores e ferragens construídos especificamente para ela. Apesar de não ter feito tanto sucesso na época, a Universe abriu um precedente e várias outras empresas começaram a fazer guitarras 7 cordas, isto teve uma grande influência na música do final dos anos 90 com bandas como Limp Biskit e Korn.
Basswood
Steve Vai escolheu usar Basswood como a madeira para o corpo o que não era nada comum na época, os fornecedores de madeira até zombaram dizendo que a Ibanez ia construir uma guitarra de brinquedo pois Basswood não era uma madeira para se fazer instrumentos mas Steve Vai sabia o que estava fazendo e foi muito específico quanto ao tipo de Basswood usar uma vez que esta madeira é muito estável e a idéia de Vai era que ele pudesse ir a qualquer loja de guitarra do mundo, pegar uma JEM e a guitarra tivesse a consistência e o som que ele estivesse procurando.
A
incrível especificidade do projeto assustou a fábrica japonesa da
Ibanez pois eles acreditavam que estava tudo bem em ir fundo nos
detalhes para fazer uma guitarra única e especial para Steve Vai mas
como reproduzir essa mesma qualidade e apreço nos detalhes uma vez
que a guitarra entrasse em produção de massa ? Eles tiveram que
encarar esse desafio e conseguiram superá-lo com louvor !
O
projeto da JEM foi mantido em absoluto segredo assim como o contrato
de endorser assinado com Steve Vai. A revelação da JEM na feira
NAMM showw de 1987 foi coberta de mistério, o display que revelaria
a guitarra ficou tampado e vigiado o tempo todo por um segurança até
o momento da revelação. A JEM foi o grande ponto da virada para a
Ibanez que passou finalmente a ser reconhecida como uma marca grande
e inovadora, mas a JEM não era o único trunfo, a série S, a nova
RG550 e os baixos da série SDGR (Soundgear) fizeram não só
impressionar a indústria musical mas também com que os lojistas
apostassem na Ibanez com grandes pedidos.
Cartaz de lançamento da JEM em 1987
A
história engraçada de depois do lançamento da JEM é que nas
turnês de David Lee Roth, Steve Vai continuava usando a sua antiga
Charvel apesar de já ter algumas Ibanez prontas para uso no camarim.
Steve conta no livro "Ibanez The Untold Story" que ele
estava receoso de se livrar da sua antiga guitarra companheira de
tantos anos até que o inesperado aconteceu, ele estava prestes a
entrar no palco para o maior show da turnê até aquele momento, o
estádio do Madison Square Garden em Nova York completamente lotado,
vai estava super nervoso no camarim se aquecendo com sua Charvel até
que numa brincadeira louca com a alavanca ele arrancou várias cordas
da guitarra e não só isso, puxou tão forte que um pedaço da
madeira saiu. Ele entrou em pânico a Charvel não poderia
ser consertada a tempo e ele teria que usar a Ibanez, assim foi feito
e depois desse dia ele nunca mais usou outra guitarra....
A
partir daí as coisas aconteceram muito rápido, vários outros
artistas se juntaram ao time de endorsees como Joe Satriani e Paul
Gilbert e outras novidades vinham por aí, entre 1987 e 1989 a Ibanez
seguiu a tendência do mercado e começou a produzir guitarras na
Coréia e num movimento contrário abriu também uma linha de
guitarras fabricadas nos Estados Unidos enquanto ainda mantinha a
produção dos modelos Prestige no Japão.
Joe Satriani
Paul Gilbert
Em 1989 uma outra parceria entre a Ibanez e Steve Vai deu ao mundo a Universe, uma guitarra de 7 cordas que adicionava um corda B (Si) mais grave com captadores e ferragens construídos especificamente para ela. Apesar de não ter feito tanto sucesso na época, a Universe abriu um precedente e várias outras empresas começaram a fazer guitarras 7 cordas, isto teve uma grande influência na música do final dos anos 90 com bandas como Limp Biskit e Korn.
No
começo dos anos 90 a Ibanez voltou a investir na sua área de
eletrônicos e lançou a série de pedais Soundtank. A ideia era
fazer uma linha de pedais resistente e super baratos.
Mas
a Ibanez ainda passaria por mais uma turbulência, o grunge. No começo
dos anos 90 a música se simplificou e as guitarras coloridas e
calças de couro que eram amadas nos anos 80 passaram a ser objeto de
desprezo. Inspirada por Kurt Cobain, a moda agora eram guitarras
vintage, simples e tradicionais, ou seja, guitarras bem diferentes de
todas as que a Ibanez produzia.
Diante
deste mercado “alternativo” e turbulento a Ibanez só tinha 03
opções: se juntar a moda, combatê-la ou tentar dar uma volta e
contornar tudo o que estava acontecendo. A estratégia foi fazer um
pouco dos três.
Por
um lado a ibanez continuou a viver como se nunca tivesse havido um
Nirvana, os modelos RG, S e a JEM continuaram sendo produzidos e
lançados continuamente no mercado, por outro buscou criar designs
inovadores para aderir a moda do rock alternativo. Duas criações de
grande sucesso da Ibanez neste período foram a guitarra Talman e o
baixo ATK que foram bem aceitos entre as bandas punk do começo dos
anos 90 como o Offspring.
A Ibanez Talman em uma das suas diferentes versões
Baixo Ibanez ATK
No
final dos anos 90 com a explosão do new Metal de bandas como Korn e
Limp Biskit a guitarra de sete cordas virou definitivamente uma
febre. Enquanto as outras marcas estavam correndo para desenvolver
modelos de sete cordas e adquirir a experiência necessária para
construí-los a Ibanez, tendo já a bagagem de ter lançado a
Universe de Steve Vai, saiu na frente e dominou este mercado
fortalecendo ainda mais a marca entre esta nova geração de
roqueiros.
A banda Korn
Ainda
no final dos anos 90 e começo dos anos 2000 a Ibanez decidiu
investir mais na sua linha de baixos pois percebeu que os baixistas em geral eram muito mais "cabeça aberta" para novidades do que os guitarristas e criou novos modelos, além de
aumentar o time de endorsers que antes contava apenas com Gerald
Veasley recebeu o reforço de Gary Willis, Doug Wimbish e da lenda da
soul music Verdine White.
Catálogo
de lançamento do baixo signature de Verdine White
Ainda
na linha de baixos a Ibanez criou a refinada linha Ergodyne que
possuía um design diferenciado que aumentava o conforto e facilitava
a execução da técnica de slap. Outra inovação foi a construção
de baixos em Luthite, material sintético e super leve que possui
características similares à madeira.
Ibanez EDB Ergodyne 405
Por
todos os anos 2000 a Ibanez manteve a sua posição de empresa
inovadora e lançou novas versões das suas ferragens, baixos de 04,
05 e 06 cordas e todas as guitarras das diferentes séries como a RG,
a S, a JEM em novas versões em diferentes linhas, desde as mais
acessíveis como GRG até as super tops como a linha Prestige.
Em
2012 a Ibanez abalou o mundo das guitarras novamente com o lançamento
da guitarra de 08 cordas signature dos músicos Marten Hagstron e
Frederik Thordendal da banda Meshuggah que levou o peso sonoro que
uma guitarra é capaz de produzir a um patamar totalmente novo.
A
história da ibanez é um conto centenário de uma empresa que
atravessou guerras, crises e reviravoltas do mercado mas que sempre
deu à volta por cima se apoiando na criatividade, inovação e em
muito trabalho que transformaram uma pequena livraria no japão em um
gigante da indústria de instrumentos musicais que é hoje uma
referência para músicos e artistas do mundo inteiro e num nome que
vai ficar marcado para sempre na história da guitarra elétrica.
5 comentários
Bonita historia, acho que no Brasil estamos precisando disso, empresários que inovem, e mais fabricantes de instrumentos musicais brasileiros com qualidade!
ResponderExcluirOlá Jonatas, sendo sincero ao fazer a pesquisa para escrever esta matéria me impressionei bastante com a história, com a força de vontade, determinação e os altos e baixos pelos quais a marca teve que passar para chegar onde está, é uma história inspiradora com certeza...
ResponderExcluirÓtima matéria! Obrigado por compartilhar esta história inspiradora!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirA primeira vez que ouvi o George Benson usando a guitar GB10 , decidi que teria uma igual. Ao emprestar uma guitarra a um amigo, ele me disse que não me devolveria , porque havia gostado do instrumento.Eu disse , tudo bem. Meses depois ele viajou para o Japão e me trouxe essa maravilha GB10 SN-E843445.São 36 anos de uso e felicidade.
ResponderExcluirEu gostaria de trocar pickguard por outro original.Como posso conseguir um novo?
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