A Companhia Hoshino que
originou a ibanez e até hoje administra a marca foi fundada em 1908 por
Matsujiro Hoshino originalmente como uma livraria chamada Hoshino Shoten que
vendia em geral livros e livros de partituras musicais.
Nessa época os instrumentos
musicais eram vendidos principalmente através das lojas de varejo de editoras
de livros musicais, uma vez que para
tocar as partituras você precisaria de um instrumento, logo fazia todo sentido.
Matsujiro Hoshino foi substituído na presidência da empresa por seu filho
Yoshitaro Hoshino. A partir de 1929 a Hoshino começou a importar para o japão
as guitarras espanholas (violões) da marca Salvador Ibañez e Hijos, uma
companhia estabelecida em Valencia.
Em 1935 a Espanha passava por momentos
políticos e econômicos difíceis que vieram a no ano seguinte resultar na guerra
civil espanhola; por conta disso os carregamentos dos violões Ibañez Salvador
não estavam chegando no Japão e os estoques da Hoshino estavam escassos. Por
conta disso, a Hoshino decidiu investir numa produção própria de guitarras para
abastecer o mercado japonês. Começou fabricando violões sob o nome Ibañez
Salvador e depois, uma vez que já havia comprado os direitos da marca da
empresa espanhola, reduziu o nome para somente Ibanez. As fábricas da Salvador
Ibañez na espanha foram completamente destruídas durante a guerra civil, e foi
assim que definitivamente a Ibanez se transformou numa marca japonesa.
E durante este período que
vai de 1929 até 1939 a produção da Ibanez se fixou em continuar fabricando os
mesmos modelos clássicos de violão que a Hoshino "herdou" da Ibañez
Salvador para abastecer o mercado japonês e também para os mercados asiáticos
vizinhos, o que mostra um detalhe importante da história da ibanez que é a
importação de seus produtos que a Ibanez faz desde seu começo como marca.
Mas a história dá uma
reviravolta com o evento que mudou tudo: a Segunda Guerra Mundial !
É sabido na história dos
instrumentos musicais que durante a guerra em praticamente todos os países que
participaram dela que a fabricação de instrumentos e de vários outros artigos
que não eram de primeira necessidade foram interrompidos; mas os eventos de
durante a guerra não tiveram uma influência tão direta no destino da Ibanez
como os eventos que se seguiram após a Grande Guerra.
Três fatores foram
fundamentais para estabelecer o caminho pelo qual a ibanez iria seguir nas
próximas décadas. Por um lado os eventos que levaram à guerra e os seus
subsequentes estragos tiveram um grande impacto sobre os destinos da família
Hoshino e o seu triunfo com as guitarras ibanez; todas as fábricas existentes
foram destruídas e todos os 04 filhos de Yoshitaro Hoshino serviram na guerra,
por sorte, todos conseguiram voltar vivos. Por outro lado, a ordem econômica
que emergiu depois de 1945 pôs o mundo num caminho inexorável em direção ao
comércio global. E por fim, a guerra desencadeou o Baby Boom com o seu
monstruoso mercado consumidor. E foi por volta de 1972 que o resultado da
combinação destes 03 fatores fez do mercado americano o lugar certo para a
Hoshino.
Mas por enquanto vamos ficar
no Japão; depois da guerra várias empresas, incluindo a Hoshino reconstruíram
os seus negócios e uma nova leva de empresas se juntou à onda. A Hoshino tinha
a vantagem de já ter experiência com exportações, porém, na maior parte dos
anos 50 as guitarras feitas no japão ficavam no japão. Enquanto isso, nos
estados unidos os primórdios do rock and roll começaram a inspirar a juventude
a comprar guitarras...e as empresas americanas estavam começando a não dar
conta.
Em 1957 a Hoshino
Gakki produziu o que pode ser considerada a sua primeira guitarra elétrica.
Nesta época a Hoshino já tinha conseguido reestabelecer o seu negócio de
exportações mandando instrumentos e acessórios para vários pontos da Ásia e até
para os Estados Unidos (principalmente palhetas). Como várias fábricas japonesas na época nem
toda guitarra que saia da fábrica tinha o nome Ibanez no headstock, uma vez que
para atender os seus clientes internacionais eles fabricavam instrumentos sob
várias outras marcas.
Jumpei
Hoshino é o segundo a esquerda na antiga sede da Hoshino Gakki
No final dos anos 50
Yoshitaro se aposenta e o seu filho Jumpei assume a presidência da empresa. Em
1962 Jumpei Hoshino decidiu colocar todas as marcas de guitarras produzidas por
eles sob o nome Ibanez e apesar de a companhia ainda fabricar guitarras com as
marcas de seus clientes, a Ibanez passou a ser a marca principal. Para
estabelecer esta união ele inaugurou uma nova fábrica para construir guitarras
e amplificadores sob o nome de Tama Seisakusho Inc., isso mesmo, a hoje
mundialmente famosa marca de baterias TAMA começou como uma fábrica da Ibanez e
outra curiosidade é que ela tem este nome em homenagem a mãe de Jumpei que se
chamava TAMA e havia falecido alguns anos antes. O irmão mais novo de Jumpei,
Yoshihiro assumiu a presidência do setor de produção da Hoshino Gakki.
Durante os anos 60 o Japão
também sofreu uma efervescência cultural, a música dos Beatles e de outros artistas
eram consumidas massivamente e a consolidação da televisão como meio de
comunicação fez com que Yoshihiro se tocasse que a partir daquele momento o
apelo visual iria se tornar muito importante na indústria da música.
A partir de 1966 a Hoshino
decidiu que a Tama Manufacturing Company iria parar de fabricar guitarras e se
dedicar apenas a construção de baterias , o que acabou por desenvolver uma das melhores marcas de baterias do mundo; a
construção de guitarras passou a ser feita por fábricas parceiras sob as
especificações da Hoshino. Este formato é mantido até hoje na Ibanez e uma
sólida parceria foi construída entre a Hoshino e a fábrica Fujigen Gakki para
estabelecer a qualidade das guitarras Ibanez.
E foi em 1971 que Yoshihiro
Hoshino decidiu dar uma reviravolta no seu mercado de exportações e fazer o que
ninguém estava fazendo no japão na época que era diminuir o número de
distribuidores dos seus produtos dentro de cada região. Antes desse período
tanto a Ibanez como outras empresas japonesas tinham dezenas de distribuidores,
cada um com a sua visão particular do negócio e buscando sempre competir em
preço. Outro detalhe era que com tantos canais de distribuição ficava muito
difícil fazer um controle eficiente que garantisse a qualidade dos produtos.
Yoshihiro
Hoshino atual presidente do Hoshino Gakki Group
Para conseguir chegar lá a
Ibanez criou o que eles chamaram de "agências" de distribuição, ou
seja, empresas que seriam responsáveis exclusivamente por promover e dar
assistência exclusiva aos produtos da Hoshino, estas agências seriam abertas em
cada um dos principais mercados exportadores que a Hoshino trabalhava.
O empreendimento foi adotado com sucesso na
Europa e o próximo alvo era o mercado americano. Chegar nos Estados Unidos
seria um desafio, eles teriam que cortar o fornecimento dos diversos
distribuidores que já trabalhavam com a Hoshino e unificar (mais uma vez) todas
as marcas que eles produziam sob o nome Ibanez, mas o mais difícil seria
encontrar uma empresa com a qual eles pudessem estabelecer uma relação sólida
de parceria.
Harry
Rosembloom foi decisivo para a Hoshino conseguir trazer a Ibanez para os EUA
Quando os executivos da
Hoshino se aproximaram de Harry Rosembloom dono da Elger Company, uma empresa
que tinha uma loja de instrumentos e que também fabricava guitarras eles não
esperavam ouvir o conselho que receberam uma vez que os outros possíveis
distribuidores pareciam só conhecer uma única palavra: preço, preço, preço. Mas
Harry fez diferente e disse: "Porque você não fazem guitarras melhores?
tenho certeza que as pessoas pagariam mais por uma guitarra melhor" e isso
era exatamente o que a Ibanez queria ouvir. Depois de intensas negociações foi
fechada a parceria e a Elger company passou a distribuir os produtos da Ibanez
nos Estados Unidos. Cerca de 10 anos depois a família Hoshino entrou como sócia
da Elger company que se transformou na Hoshino U.S.A.
Este período dos anos 70 coincidiu com a chamada
"copy era" ou era das cópias em que várias marcas invadiram o mercado
com guitarras, violões e baixos baseados nos modelos clássicos da Fender,
Gibson, Martin e Guild entre outras.
Um detalhe muito importante
é que a Elger Company como era também uma fábrica de guitarras e tinha todo
maquinário ela serviu no começo para revisar todos os instrumentos que chegavam
do japão antes de mandá-los para as loja e realizar a assistência técnica nos
Estados Unidos. Isto se mostrou um grande diferencial de qualidade pois nenhum
outro instrumento importado fazia esta regulagem quando ele chegava ao destino
e além do mais, nesta época até os grandes fabricantes estavam um pouco
negligentes com relação à qualidade uma vez que elas estavam sob o comando de
grandes conglomerados da comunicação que não entendiam muito bem do negócio de
instrumentos musicais e suas necessidades específicas, isso deu uma grande
vantagem competitiva à Ibanez.
No vídeo acima vocês podem
ter um panorama bem geral de como eram as Ibanez antigas.
Durante todos os anos 70 as
Ibanez que copiavam outros modelos famosos foram se solidificando no mercado
como produtos de boa qualidade e vários músicos começaram a reconhecer a Ibanez como instrumentos que
eram alternativas as marcas pioneiras mas como uma marca que se podia confiar
para uso profissional. O exigente público americano estava caindo no gosto da
Ibanez.
Não só a Ibanez estava
fazendo ótimas cópias mas também estava começando a criar variações dos modelos
tradicionais e inovações em acabamentos e ferragens. Não ia demorar muito para
os primeiros modelos originais da Ibanez começarem a aparecer a série artist de
guitarras com double cutway que parecia uma mistura de uma Les Paul com uma
Gibson 335 com corpo sólido, veio em conjunto com a aclamada Iceman; outros
designs como a Performer (inspirada na Les Paul) a Roadster (inspirada na
Strato) e a série Musician de guitarras e baixos com braços inteiriços
(inpirados nos baixos Alembic) apesar de serem nitidamente inspiradas em
designs de outras marcas, eram diferentes o suficiente para escapar de
quaisquer problemas legais.
CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA LER A PARTE 2 DA REPORTAGEM
O COMEÇO
DIFÍCIL DOS ANOS 80 E A GUITARRA QUE MUDOU TUDO, A JEM !!
http://reidalespaul.blogspot.com.br/2013/04/a-historia-da-ibanez-capitulo-2.html
http://reidalespaul.blogspot.com.br/2013/04/a-historia-da-ibanez-capitulo-2.html
1 comentários
muito legal
ResponderExcluir