A GUITARRA
QUE MUDOU O MUNDO
No
final dos anos 40 Leo Fender viu a necessidade de desenvolver uma geração
completamente nova de guitarra elétrica. Ele estava intimamente familiarizado
com as exigências dos músicos profissionais a quem servia e sabia que as
tradicionais guitarras acústicas com archtop e captadores acoplados que a
maioria dos músicos de country e de bandas dançantes estavam usando não eram os
instrumentos certos para este tipo de música.
Os
problemas que aconteciam com estes instrumentos mantiveram muitos guitarristas
nos fundos dos palcos enquanto os cantores, as rabecas e as guitarras de colo
estavam nos holofotes.
Claro
que, estas mesmas guitarras elétricas hollowbody tinham sido uma revelação um
pouco mais de uma década antes, permitindo que os guitarristas pudessem ser
ouvidos em meio a uma big band, porém, estas guitarras não tinham uma
sonoridade expressiva, eram propensas a feedback, e não maximizavam o potencial
da amplificação disponível.
Detalhes do Projeto de uma telecaster
Leo
Fender concebeu um plano para uma guitarra elétrica de corpo sólido que, da
maneira como ele via, deveria satisfazer uma série de critérios de desempenho.
Ela devia ter um som brilhante com bastante ataque e sustain; ser resistente ao
feedback; ser relativamente simples e econômica de se fabricar, e deveria ter
uma manutenção simples para que o próprio músico pudesse fazer na estrada.
Uma antiga Fender Esquire que viria
depois a se tornar a Telecaster
Para
atingir estes objetivos, fender redesenhou totalmente o projeto do que era
guitarra em si até aquele momento. O instrumento que conhecemos hoje como a
Telecaster - chamado originalmente de Esquire, depois de Broadcaster - viveu de
forma tão intensa e com sucesso que permaneceu como um ícone do rock, pop e
country music por mais de 60 anos.
Keith Richards dos Rolling Stones usuário fiel
da Telecaster
O
som fanhoso, cheio e bem definido do captador single-coil da ponte da
Telecaster praticamente definiu o som da guitarra solo na country music,
enquanto a incrível simplicidade e o
braço confortável e rápido da guitarra fez com que ela se mantivesse atrativa e
sendo usada por um campo muito diverso de instrumentistas. Como vocês podem
perceber nos dois vídeos abaixo o som da Telecaster é realmente atemporal.
A
Telecaster não foi a primeira guitarra de corpo sólido a ser lançada no
mercado, Rickenbacker e a Bigsby haviam desenvolvido guitarras com essa
característica alguns anos antes, mas eles as haviam feito em edições
limitadas. O esforço bem sucedido de Leo Fender em inovação fez dela a primeira
guitarra de corpo sólido produzida em massa. Muitos comerciantes de
instrumentos musicais não levaram muita fé na Telecaster no começo e faziam
piadas com a guitarra chamando-a de “prancha” ou “remo de canoa” – mas apesar
da desconfiança dos lojistas a telecaster estava vendendo bem de qualquer
forma.
Configuração clássica da Telecaster
No
começo de 1951, a Fender trocou o nome da guitarra de Broadcaster após a
Gretsch ter se oposto legalmente ao uso do nome uma vez que era muito similar a
linha de baterias já conhecidas como “Broadkaster”. Por alguns meses o modelo
da Fender foi conhecido como “Nocaster” até que o nome Telecaster apareceu nos
headstocks nos primeiros meses de 1951. O nome Esquire que no começo serviu
tanto para designar os modelos com um e o modelo com dois captadores hoje em
dia é usado como nome do modelo que tem um captador na ponte somente.
Exemplo de Fender Esquire
O
modelo Esquire não tem nenhuma relação com a linha Squier da Fender, uma sub
marca de propriedade da Fender que produz modelos clássicos da empresa
americana com custos mais acessíveis. Ao longo dos anos a Telecaster sofreu
diversas modificações e ganhando novas características apesar de nunca ter tido
nenhuma modificação no seu design fundamental. Dentre as modificações e
experimentações feitas estão diferentes tipos de madeiras tanto no corpo quanto
no braço, diferentes tipos de captação como humbucker, modelos signature de
diversos artistas, além de modificações na parte elétrica como o inovador
sistema S1 da Fender incluído em diversos modelos.
Uma
coisa que é certa de se dizer sobre o modelo Telecaster da fender é que depois
de mais de 60 anos de história este instrumento ultrapassou barreira da
ferramenta do artista. É um modelo de guitarra que por si só se transformou num
objeto de arte, num objeto de desejo, uma parte importante da história da
música e um verdadeiro ícone.