Rio de janeiro , 11/02/2016
Hoje fazem exatamente 1924 dias ou 5 anos, 3 meses e 6 dias que aconteceu a Gibson Tour em 2010! Posso afirmar tranquilamente que me lembro de cada detalhe, cada momento do evento que foi chamado de Gibson Tour. Cabe aqui uma introdução, uma amostra de quanto esse evento foi por mim desejado e esse início explica muito porque esse evento é um marco em minha vida profissional.
A utopia que se tornou um sonho
Em 1999 meu amigo Miguel Santori, proprietário da loja de instrumentos musicais Clave Nova foi na primeira Gibson Tour. Ao chegar me mostrou as fotos e contou as histórias da viagem. Naquela época a nossa loja era irrelevante, vendíamos de 6 a 8 instrumentos por mês, pois não existia ainda o e-commerce como nos dias atuais. Éramos uma importante escola da região que formou centenas de músicos, a E.M.B. Escola de Música da Barra. O nome Barramusic, nossa razão social. Isso mesmo poucos sabem que o nome Barramusic começou a ser usado apenas em 2005 quando a loja decolou. Cabe aqui um registro: no ano de 1998 meu pai faleceu e prontamente minha mãe concedeu uma valiosa ajuda para fazer a primeira compra na Royal, distribuidora oficial da marca no Brasil a mais de 20 anos. Aqueles tempos eram difíceis pois a escola financeiramente era um negócio difícil de ser gerido. Nessa época era difícil ser dealer das importadoras e esse passo foi importantíssimo para meu amadurecimento como lojista. Sem ele eu não estaria preparado para o ano de 2005 quando entramos no Mercado livre (Isso merece um post!).
Desde 1999 sonhava com a viagem para conhecer minha fábrica preferida de instrumentos musicais. No início era algo impossível mas a partir de 2005 passou a ser viável e meu amigo José Luiz Rapoli, supervisor de vendas da Royal, meu amigo e consultor da marca a mais de 15 anos, sempre citava nas reuniões da sua empresa uma possível visita a fábrica.
Em 2009 o Brasil navegava em águas tranquilas, jamais vistas por mim, e nossa imagem lá fora era que aqui tudo funcionava bem, ledo engano! Nunca acreditei que aquilo era real. Não abri filiais porque sabia que deveria investir em estoque e no atendimento! Mas isso é outra história e não haverá matéria sobre isso!
A Gibson comprou a ideia da Royal e nos recebeu maravilhosamente bem. Não como a Royal, a empresa através de seu diretor Renne Moura e seu gerente de vendas Luiz Sacoman nos acompanharam e nos proporcionaram momentos espetaculares. Sempre com muita atenção e carinho capricharam nos mínimos detalhes para que as visitas fossem perfeitas e de fato foram!
Convite
Foi mais de um ano de expectativa e batalha para alcançar os objetivos propostos no pacote! MAS espera ai: batalha para vender Gibson?? Que nada, batemos recorde de vendas pois o preço das guitarras caiu e conseguimos facilmente alcançar os objetivos. A carta abaixo esta fixada aqui na loja!
Preparação
Clique na foto acima e leia o post escrito na época
Ao melhor estilo Han and eggs lá fui eu para Nashville. Eu e meu Mullet, achando que veria vários cortes de cabelo iguais ao meu S.Q.N. , pelo contrário, eu era o único a representar o bom e velho Mullet, que eu sempre usei, muito antes de virar o que é hoje.
Nashville
Foto dos letreiros dos bares da Broadway
Para quem gosta de música essa é a cidade certa! Conhecida como a cidade da musica Nashville, Tennessee, é o berço da música country. No centro da cidade, na rua Broadway, estão os bares com música ao vivo nos bares mais famosos dos Estados Unidos, como o Tutsie por exemplo. Todos com entrada franca. Isso mesmo, grátis!
As bandas se apresentam nessa rua de graça pois os “olheiros” das gravadoras estão sempre presentes procurando um novo sucesso nacional. Houve uma época que os bares queriam cobrar dos músicos, mas após uma briga com a solicitação dos músicos locais esse absurdo foi deixado de lado.
Para quem gosta de música e séries de televisão dramáticas aconselho assistir a série Nashville disponível no Netflix.
Logo na manha do segundo dia o ônibus parou na porta do Hotel e isso foi uma grande surpresa para todos. Um dos três ônibus promocionais da empresa estaria à nossa disposição por cinco dias. O ônibus é maravilhoso com espaços devidamente decorados com temas da fábrica, um espaço para Test Drive de equipamentos, um quarto na parte traseira das camas no melhor estilo Rock Star e uma boa área de convivência na parte frontal do ônibus.
Existem 3 onibus da Gibson chamados Gibson Tour Bus, cada um diferente do outro
Achei esse vídeo abaixo interessante pois foi feito no ônibus que nos transportou.
https://www.youtube.com/watch?v=wf-Eua5s_uo
A foto abaixo é interessante pois mostra Gibson Dusk Tiger, uma guitarra bem cara. Estava toda arranhada e com marcas de batidas, quando fui pensar porque ela estava nesse estado o ônibus deu a partida e quase cai no chão com ela no colo. Isso mesmo havia uma Les Paul Dusk Tiger e uns amplificadores valvulados à nossa disposição!
A velha e boa foto do espelho
O Ônibus foi uma surpresa legal mas seu condutor foi definitivamente uma das granes atrações da viagem, e o motorista e suas histórias me prenderam a atenção. Sempre que parávamos para almoçar eu sentada perto desse senhor que é gente boa demais! Sempre sorrindo e contando suas histórias de forma pausada para que pudéssemos entender, já que na época meu inglês era precário.
A história que achei mais legal foi a do Jonhy Deep e seu inestimável violão. Certa vez, nosso amigo levou Jonhy Deep a fabrica de violões da Gibson em Montana, Noroeste dos Estados Unidos, o ator se mostrou uma pessoa extremamente simples e gente boa, quando paravam na estrada ele saia como uma pessoa qualquer e nunca era reconhecido uma vez que seus personagens mais famosos sempre usam muita maquiagem.
Chegando a fábrica se apaixonou por uma obra de arte, o violão piratas do Caribe, clique na foto abaixo e leia a reportagem na integra! Comprou o violão na hora!
Ainda nos contou que levou a viúva do guitarrista do Lynyrd Skynrd, minha banda favorita que viveu uma tragédia nos anos 70 é uma pessoa muito simples e que mantêm viva sua memória.
Gibson USA
Ganhamos uma mochila da Gibson com um livro, uma camisa muito bacana e mais alguns brindes nos foi dada, mostrando muito capricho na recepção.
Fomos recebidos inicialmente na fabrica onde as Gibson USA são construídas. A maior planta da Gibson também é o Q.G. da empresa, lá trabalham seu presidente e a diretoria. Funciona em anexo no prédio onde nasceu a Gibson Custon o impressionante centro de distribuição da Epiphone.
Fomos então apresentados ao pelo presidente da Gibson e o Dr. Epiphone que fez uma palestra sobre os produtos da marca.
Logo após iniciamos a visita pela fábrica. Aqui abre-se um impressionante parêntese: estávamos no início de novembro, seis nesses antes Nashville foi devastada por uma enchente de proporções catastróficas, saiba mais clicando na próxima foto.
Reparem nas 2 imagens, o mesmo local durante e após a enchente
Clique aqui e leia a reportagem completa
A foto da fábrica logo após o reinicio das operações
Antes do almoço “ganhamos” uma palestra sobre madeira inesquecível! Dessa palestra nasceu nosso guia de madeiras, clique na próxima foto para conhecê-lo. Foi nesse dia, nesse momento que comecei a entender um pouco sobre guitarras e sua construção!
Um cuidado especial me chamou a atenção. A umidade dentro da fábrica é controlada eletronicamente para manter as madeiras que serão utilizadas na fabricação das guitarras sempre com a mesma densidade. Quando muda a umidade relativa do ar a madeira tem seu volume aumentado ou diminuído, de forma ínfima, mas que altera completamente a afinação do instrumento. Nashville tem um clima é muito seco o que facilita esse controle.
Ainda vimos o Show Room das famosas Kramer, marca icônica dos anos 80 que agora pertence a Gibson e ainda testei uma Steinberger, guitarra sem Headstock muito bacana.
Gibson Custon
Depois da surpresa e admiração com a superação e o volume de fabricação da Gibson USA paramos agora na Gibson Custon, onde tudo é mais devagar, várias fotos marcaram essa visita, falarei sobre cada experiência com uma foto exemplificando.
Menphis
No dia seguinte pegamos o Gibson Tour Bus e fomos para Memphis conhecer a fábrica de semi acústicas
Museo da Sun record
Conhecido como o berço do rock lá nasceram diversos nomes da música como Jonnhy Cash, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis entre outros. O local era o estúdio de gravação e uma gravadora onde esses artistas gravaram seus primeiros discos. Ponto de passagem obrigatória de quem visita a cidade. Virou um belo museu. Conheça um pouco mais.
Clique na imagem e vá para a home
Page do site
http://www.sunstudio.com/
Graceland
Mansão onde viveu Elvis Presley é um espetáculo a parte! O passeio emociona quando no final dele você se depara com o túmulo dele e da família, inclusive do seu irmão gêmeo que nasceu ainda criança.Clique na foto abaixo e vá para o excelente blog Colagem que fez uma linda matéria sobre Graceland.
http://luciana.misura.org/2015/01/16/graceland-visitando-a-casa-de-elvis-presley-em-memphis/
Fabrica custon,
O que mais me chamou a atenção nessa planta da Gibson foi o ambiente
Cirurgicamente limpo do setor de revisão. Vários momentos inesquecíveis foram vividos naquele dia!
O funcionário responsável pela escolha e corte dos tampos de maple tinha um visual Rock n`Roll que falava tudo sobre aquela função.
Essa “simples” função de cortar os "maples figurados" talvez seja a mais importante, pois além de cortar ele escolhe qual as “metades” que se juntaram para formar um belo tampo.
Após esse momento estamos sendo recebidos por um senhor Edwin Wilson, Historic Program manager, algo como pesquisador chefe. Sua função é pesquisar as guitarras antigas para que a fábrica possa fazer reedições mais fiéis possíveis.
Ao longo dos anos, Wilson já visitou e revisitou dezenas de músicos e colecionadores e avaliou minuciosamente cada uma de suas guitarras. Por conta de suas pesquisas a Gibson pode colocar no mercado, diversos relançamentos como a série Collectors Choice, a Paul Kossof 1959 Les Paul Standard, a Billy Gibbons “Pearly Gates” e as famosíssimas Les Paul Jimmy Page “Number One” e “Number Two”.
Algo incrível aconteceu quando após ouvi-lo por alguns minutos falando sobre as madeiras, ouvi aquele nome "Ed Wilson" pensei...impossível ser ele!?!? O abordei assim que tive chance quando ele falava para nosso grupo sobre madeiras
e perguntei: Você não é o cara do livro "The Million Dollar Les Paul" que mexeu na guitarra do Jimmy Page ? Ele sorriu sem graça e disse "Yes, it´s me" ( Sim, sou eu ).
Quando ele confirmou foi demais, fazendo mais especial ainda aquele momento!!! O próprio Wilson ficou muito feliz de ser reconhecido, abriu um sorriso e assim quebrou a informalidade daquele momento.
Eu e Ed Wilson
Uma história curiosa do nosso herói aconteceu com Jimmy Page; como Historic Manager da Gibson ele é responsável por estudar os modelos mais antigos e está acostumado a tomar um cuidado extremo com os instrumentos que manuseia da mesma forma que historiadores têm com peças de museu, uma vez que os donos desses instrumentos chegam a ser neuróticos com a preciosidade que tem nas mãos.
Exigindo o uso de luvas para manuseio de suas preciosas guitarras. Ao visitar Jimmy Page; Edwin estava prestes a ter nas mãos uma guitarra que não só é rara por ser uma 59, mas que pertenceu e moldou a carreira de um dos músicos mais fantásticos de todos os tempos.
A Jimmy Page Les Paul “ Number One”
Foto da Les Paul Jimmy Page “Number One” original
Edwin diz: “Bom, eu preciso começar, devo usar luvas ?”
E Jimmy Page responde: “Não, tá tudo bem”
E Edwin continua: ”Eu posso puxar pra fora os captadores?”
E Jimmy Page com a sua tranquilidade natural diz:
“Pode tirar, faz o que quiser”
Essa foto não é da guitarra do Jimmy Page, apenas para ilustrar o diálogo acima.
Nesse momento minha cabeça mudou radicalmente, vi que uma guitarra deve ser usada, “tecada”, gasta, enfim, viver sua vida! Não deve ficar em um case como uma joia! Passei a admirar cada teco das minhas guitarras pois contam minha limitada mas suada vida de músico!
Ainda sobre esse encontro uma informação me chamou a atenção: os madeireiros descobriram nosso “filão” e sabem valorizar as belas madeiras, e normalmente não existe negociação, o que o madeireiro pedir tem que ser pago, caso contrário, ele vende para outra empresa facilmente.
E fomos seguindo nosso passeio pela bela fabrica que será explorada em fotos. Naquele momento tirei algumas fotos que ilustrariam nossa primeira reportagem informativa: O que é um braço colado?
A foto acima fala tudo, mas se quiser ler a reportagem completa clique aqui.