Música: sete notas, infinitos significados

By Anônimo - 11:49




A primeira música da sua vida você não ouve, é o autor. E a berra a plenos pulmões, literalmente, para uma plateia embevecida, composta por sua mãe, seu pai e a equipe responsável pelo seu parto. Risos, lágrimas e a sensação de dever cumprido se misturam na audiência. Mesmo sem saber, você provocou sentimentos diferentes, e o seu choro de recém-nascido teve, para os que testemunharam a sua chegado ao mundo, os mais variados significados. Como todo som, como toda música.

Música pode ser teoria, história, harmonia, matemática, física, escala, tons, semitons. Mas é, principalmente e antes de tudo, sentimento. E significado. A mesma melodia pode provocar euforia e melancolia, alegria e tristeza, em pessoas diferentes. Por quê? Alguns já tentaram explicar: “A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”, disse Schopenhauer; ou “Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música”, sentenciou Aldous Huxley; e ainda “A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia”, escreveu ninguém menos que Ludwig van Beethoven, um dos maiores compositores de todos os tempos.

Um dos maiores compositores para quem? Muitos podem passar a vida inteira sem ouvir uma única música ou sem conhecer o próprio Beethoven e, mesmo assim, ter uma relação intensa e apaixonada com a música de outros autores, eruditos ou populares, clássicos ou contemporâneos, cults ou bregas. Ressalte-se que não pretendemos diminuir o talento ou a importância do compositor alemão para a história da música. O ponto aqui é que, por maior que seja a sua obra, ela pode não significar absolutamente nada para muita gente. Simples assim.


Buchecha sem Claudinho, Star Wars sem John Williams


De origem grega, a palavra música vem de musiké téchne, a arte das musas, e pode ser definida como uma sucessão de sons entremeados por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo de um determinado período de tempo. O choro do recém-nascido cabe nesta definição, um solo de guitarra de Eric Clapton também. Duvido que alguém vá se lembrar disso na próxima vez em que ouvir “Layla”, “Bad Love” ou “Tears in Heaven”, mas tenho certeza de que poucos ficarão indiferentes à emoção que estas músicas provocam.

Em outubro se comemora, no primeiro dia do mês, o Dia Internacional da Música. Não faltam motivos para celebrar a data.  A música transcende, transforma, aviva. Com música, um ambiente inóspito se torna um lugar aconchegante; uma festa monótona em pouco tempo se anima; o recolhimento se transforma em alegria; a depressão abre espaço para a luz. Uma melodia também pode evocar recordações tristes, mas, em última instância, é mais uma prova de que música é vida, e vida é sentimento.

Pense no Maracanã sem o coro das torcidas. Imagine Star Wars sem a trilha de John Williams. Uma Floresta sem o canto dos pássaros. Um namoro sem “a nossa música”. Um casamento sem a marcha nupcial. Uma missa sem os cânticos.

O filme “Um lugar silencioso” (A quiet place), exibido recentemente, mostra um futuro distópico em que uma família tem que se proteger de criaturas monstruosas que são atraídas pelo som, qualquer som. Numa das cenas mais tocantes do longa, o casal dança com um fone de ouvido compartilhado para que a música não vaze. Por alguns minutos, o terror dá lugar ao romance, o medo se transmuta em cumplicidade, o isolamento é esquecido. Confesso que não me lembro da música que eles ouvem. Mas não me esqueço do que a cena significa: com música, a vida volta ao normal. Ou, simplesmente: a vida volta.

Por falar em vida normal, em março do ano passado, frente às notícias que mostravam as dificuldades financeiras do Grupo Gibson e a queda das importações dos instrumentos de cordas, muitas pessoas ligadas ao mercado musical temeram pelo pior, como o fechamento de lojas e outras consequências. A BarraMusic (barramusic.com.br)foi firme: no nosso canal do YouTube, contestamos com números e argumentos uma das reportagens que alardeavam a crise(?) e mostramos a vitalidade do nosso segmento, que passou por turbulências, mas segue firme e mais forte do que nunca. Afinal, como diz o texto acima: a música é eterna!

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